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cenografia e figurinos para:

debaixo de água

porque lá fora (não) há amor.

teatro, criação de mariana rosárioeduardo guerra frazão.

estreia no teatro rápido, lisboa em maio de 2013.

dois irmãos, abandonados pela mãe, sem nunca terem conhecido o pai, (sobre)vivem juntos num velho apartamento. um momento, um banho, como tantos outros em tantos outros dias. uma limpeza da alma, do corpo. “a água tudo purifica...”. um passado, uma instituição, memória de uma desestrutura emocional, reconstruida incessantemente na procura de afectos que os possam deixar ser, ser verdadeiramente. uma infância, insistentemente recriada. para um, a libertação, o renascer, a transformação do objecto em algo possível para amar. para o outro, o ficar assim, para sempre, seguro no útero, como objecto amado.

porque lá fora (não) há amor.

mariana rosário

“debaixo de água” apresenta-nos um texto de mariana rosário e encenação de eduardo frazão: ambos protagonizam os dois irmãos, a banhos com as memórias de uma mãe que não se teve. Nesta peça somos convidados a mergulhar num banho que não purifica nem lava a alma: perturba-nos e deixa-nos inquietos. Este banho não lava coisa alguma. não sabemos bem de que lado nos devemos colocar ou até se é possível “escolher um lado”: o da mãe? o da irmã? o do irmão? os actores conseguem vestir as personagens de forma crua e bruta e acabam por dar voz e corpo a uma mãe que não está presente na peça, assim como não esteve presente na vida dos dois irmãos.

a cenografia é simples e ao mesmo tempo genial; hugo f. matos transforma a sala 1 num espaço cénico digno de uma curta-metragem, com a luz e a escuridão necessárias para que a acção se desenrole de forma adequada às palavras e aos gestos dos actores. a equipa conta, ainda, com a assistência de encenação de filipa marcos.

"teatro rápido | maio de 2013 - um ano despois da felicidade, mater é o tema do mês" por joana rita sousa

 

o espaço da banheira foi algo em que pensaram de imediato, «queríamos algo que se assemelhasse ao plano de um filme, ou melhor, uma única cena com vários planos, uma vez que os espectadores podiam sentar-se em pontos diferentes da sala», acrescentou eduardo. Do brainstorming surgiram linhas para o texto, que mariana concluiu em apenas 24h. «depois de trocar ideias com o eduardo e de improvisarmos aspectos da cena, fui para casa e escrevi o texto.» ao princípio, este texto ficou muito literário, admite Mariana, para duas personagens que provinham de uma classe baixa: tratavam-se de duas pessoas outrora entregues ao cuidado de instituições e que, por isso, cresceram sem mãe.  à equipa juntou-se hugo f. matos, arquitecto de formação e com  mestrado  em  cenografia, que “tropeçou” nos dois amigos no âmbito do teatro do azeite. «a mariana e o eduardo ligaram-me a dizer que tinham um projecto para apresentar ao teatro rápido e eu fui ter com eles. com a imagem da banheira, a sinopse e a proposta do projecto fiz os primeiros esboços do espaço.», conta hugo que acrescenta ter desenhado enquanto os dois actores interpretavam a cena. com a ideia na mão, havia que encontrar os meios para a concretizar: uma banheira e vários azulejos. «não foi fácil, pois partimos para este projecto sem quaisquer fundos.» conseguiram apoios e assim construíram o espaço cénico que, para mariana «simbolizava o desequílibrio da relação entre as personagens, entre os dois irmãos.» «a cenografia acabou por ser mais uma personagem», sublinha hugo, «pois com o tempo os azulejos iam-se partindo, degradando, e isso simbolizava a degradação da relação que, assim, passava para a plasticidade do espaço».

"respirar e criar fazê-lo “debaixo d’água” por joana rita sousa

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