top of page

cenografia, figurinos e desenho de luz para:

novecentos

a lenda do pianista do oceano de alessandro barrico.

teatro com encenação e interpretação de pedro filipe oliveira, para o teatro do azeite.

estreia no sport lisboa e campolide, lisboa, em março de 2012.

abordar este texto quase uma década depois de o interpretar em santarém, não é uma coisa que aconteça por acaso, é mesmo o destino. é porque desde sempre já tinha este momento gravado na vida. é porque sempre tive uma aversão genética ao espírito da competição, mesmo à considerada “saudável”. é o resto que me espanta, tudo o resto.


com novecentos aprendi que as pessoas lêem-se. mesmo depois da última apresentação que fiz (lisboa, santiago alquimista, 2006) a filosofia desta história continuou a marcar a rota não só do meu percurso artístico, como também da minha própria vida. posso afirmar com toda a convicção que encontrei o meu virginian donde nunca mais saí. por aqui passam desejos alimentados por instintos de sobrevivência, onde cada qual toca a sua partitura de vivências e de sonhos e vou tocando com eles, sem farda, como calha. o jazz liberta-nos e assim não podemos morrer.


paradoxalmente este é o trabalho mais solitário que empreendi (apesar da preciosa colaboração de todos), porque desta vez, o personagem que conta esta história límpida e inexplicável (que se resume a um individuo que nasceu e morreu num paquete sem nunca ter saído dele, tornando-se o maior pianista do mundo) conta-a para consigo próprio, liberto de qualquer constrangimento ou pudor de a partilhar em público, permitindo assim ao espectador uma implicação mais profunda com as entranhas da sua intimidade psicológica. é esta história que o mantém vivo e que o salva de uma vida destroçada pela guerra e pelo triunfo da competitividade, esperando pelo maior pianista do mundo como quem espera por godot, detonado ao largo do porto onde este trompetista solitário se refugia.

pedro filipe oliveira

bottom of page