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cenografia e figurinos para:

vida inversa

teatro com texto de josé luís peixoto e encenação de natália luiza para o teatro meridional

num mundo lógico e ilógico, personagens reúnem as suas melhores ideias para realizar o projeto do município de bucareste. ao fazê-lo, expõem as suas relações, os seus sonhos, equívocos, e também a forma como entendem o futuro, composto por agora, passado e futuro. e levantam muitas perguntas, problemas que as máquinas não conseguem resolver. que mundo será este, tão parecido com o nosso?

porque conseguimos continuar e, enquanto continuamos, continuamos. estamos vivos.

ou acreditamos que estamos vivos, o que é, talvez, a mesma coisa.

josé luís peixoto

fotografias © ricardo reis

com: ana catarina afonso, maria joão falcão, margarida cardeal, paulo pinto, renato godinho,

alberto magassela, miguel seabra, rui m. silva, susana madeira
desenho de luz: tasso adamopoulos
música original e espaço sonoro: sérgio delgado
assistência de encenação: patrícia pinheiro
assistência de cenografia e direcção.de cena: marco fonseca
vídeo e fotografia: ricardo reis
produção executiva: susana monteiro, rita mendes e teresa serra nunes
direção de produção: rita conduto
direção artística do teatro meridional: miguel seabra e natália luiza

+ info:

folha de sala digital

sobre a publicação do texto de josé luís peixoto

 

gostava que este espetáculo fosse uma matrioska; dentro de dentro de dentro do teatro. encontrar uma outra linha de  tempo, de normalidade, é o processo. este lugar é ingénuo, cruel, infantil, fantástico e absurdo. é político, é social, é lugar de distopia, em que aqui e ali reconhecemos paisagens da história, geografias humanas do aqui e agora.

 

“há dias da história em que ficamos todos tão mal ao espelho…” este espetáculo tem muita coisa de um conto, o que pode implicar uma moral. do que tenho medo é da imoralidade, não da moralidade.

hoje, aqui, somos também corpos que desconfinaram, estamos a abrir o casaco e a sentir o vento. nesta pandemia a máscara escondeu as emoções e atirou-nos para um lugar mais só. se não nos olharmos e escutarmos olhos nos olhos, teremos léxicos mais pobres ao nível da leitura das emoções e dos seus códigos expressivos? o afeto determina a inteligência.

há tantas máquinas e muitas, muitas são maravilhosas. a máquina aqui não pode ser olhada de uma forma maniqueísta. as máquinas são ótimas. tem sempre a ver com a forma como nos relacionamos com elas. podemos deixar lá bocados de nós, ou recuperarmos bocados de nós.

como em tudo, há várias maneiras de olhar para as coisas. não gosto de lugares fechados, nem de espetáculos sem redenção, que não deixem portas pelo menos, entreabertas, ou janelas por onde possa entrar luz.

natália luiza

fotografia © hugo f. matos

fotografia © susana monteiro

 

"… i . lógica” 

nota sobre a cenografia e os figurinos de vida inversa.


no escritório da empresa de jean, há secretárias . mesas rinoceronte e cadeiras i . lógicas que se des . organizam sobre uma quadrícula espaço . tempo, sem curvatura. o bramir oblíquo . agudo dos rinocerontes surge sobre a perpendicularidade cartesiana dos limites que configuram o espaço.


há também uma janela . ecrã, perverso e levemente ondulado, virado para o município de bucareste.
há um lugar de onde vêm a esperança e há a máquina . máquinas.
há um corvo, uma aranha, um cágado patafísico e também uma cabra.
há um coelho . zebra, um rinoceronte e necessidades colmatadas por bichos de plástico e peluche.
há telemóveis . espelho onde podemos ser um rinoceronte, um meta . rinoceronte ou quem quisermos….
há o futuro adivinhado nas cartas e arquivos . dossiers com páginas sem palavras, onde o passado e a memória se definem como imposições de um tempo sem data, que avança numa velocidade própria.

no escritório de Jean há gente com lentes ausentes.
há óculos que talvez permitam o encontro de estratégias urgentes para um projecto . mentira.
e também há um braço a menos, carne a mais e … desejo.
há personagens i . lógicos que se vestem . revestem de cor . textura, numa procura pelo toque . ausente.

 

há excesso de tempo… e, sim… também há vento!

hugo f. matos
um rinoceronte, a toda a velocidade, no passeio em frente!

fotografias © hugo f. matos

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